segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Dizer adeus ao tempo e acolher outro tempo
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Ana Salomé
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Manoel de Oliveira: 100 anos de vida e 77 de carreira: Parabéns!
«Citado por Eduardo Prado Coelho em A Mecânica dos Fluídos, Oliveira descreve a imagem. «Como sabem, a gama de cor é enorme e o que é visível é muito pequeno. Para a nossa vista o que está aquém dos raios vermelhos já não se vê e o que está para além dos raios violetas também já se não vê. Se nós tivéssemos uma visão total, talvez que pudéssemos ver a alma...» É a isso que o cinema tantas vezes incompreendido de Oliveira nos leva. A "ver a alma" das suas "desalmadas" personagens. Os brutos acham-no "parado". Como ele, na juventude e na ironia do seu centenário, se deve rir deles. Parabéns, Manoel.»(João Gonçalves, http://portugaldospequeninos.blogspot.com/)quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
"O Vazio depois de Ti" por Ana Andrade
Dedicado à Elsa
Num momento estás aqui e eu posso tocar-te, passar a minha mão nos teus cabelos, como que dizendo que estou feliz porque estás comigo. Posso abraçar-te só para sentir o teu coraçãozinho bater-te dentro do peito: o sinal de que preciso para sentir que estamos juntas para sempre e que nenhum punhal carregado de dor nos vai cravar no coração a angústia de nos perdermos uma à outra. Abraçar-te dá-me a certeza de que estarás sempre aí, do outro lado do espelho, à espera que, num dia chuvoso, eu irrompa pelo quarto e te peça consolo porque um qualquer Nada rompeu a teia de ilusões que eu criara à volta de tudo. Num momento eu ouço-te repetir que me amas e eu relembro-te que também te amo porque és minha irmã, a minha imagem do outro lado do espelho que se uniu a mim numa comunhão de sangue e amor. A minha imagem que partilhou o mesmo ventre, o mesmo leite materno, o mesmo carinho dos pais… Invariavelmente, somos um pedaço dos mesmos corpos que se uniram para nos criar, somos um pedaço da mesma alma, uma voz da mesma boca que se separou quando enfrentou a realidade desta tão precária existência. Pertencemo-nos! Num momento posso fechar os olhos com segurança porque sei que, quando os abrir, tu estarás diante de mim, a sorrir-me e a dizer que tudo está bem porque estás comigo… Num outro momento as chuvas inundam cada pedaço do meu corpo, provocando um dilúvio de angústias que me afogam a alma. Num outro momento, não te disse o quanto te amava e o quanto precisava de ti, porque eras a parte de mim que me puxava sempre para a Vida quando o mais recôndito de mim me puxava para o Esquecimento. Num outro momento esqueci-me de existir porque tu já não existias, porque te aventuraste num mundo onde eu não estava presente. Porque deixaste de ser o meu reflexo no espelho e passaste a ser um dos anjos que carrega o peso do mundo às costas; um dos anjos que, por cada ser que sofre uma dor desumana, sente o punhal do sofrimento cravejar-lhe o peito. Num outro momento fecho os olhos mas tenho medo de os abrir e, por isso, permaneço cega perante as atrocidades que se abatem sobre tudo. Fecho os olhos na esperança de, quando os abrir, verificar que estiveras sempre diante de mim, sorrindo, esperando que eu os abrisse para me repetires mais uma vez, e mais uma vez, e mais uma vez que me amas e que nunca me deixarás… Num outro momento abro os olhos e sinto-os arder no esforço cruel de os obrigar a ver-te, de os obrigar a distinguir-te no meio das sombras do quarto. Sei que não estarás mais aqui, sei que não poderei lembrar-te uma vez mais, e uma vez mais, e uma vez mais que te amo. Sei que não mais chorarei no teu colo. Sei que um pedaço de mim partiu, mas recuso-me a deixar-te ir. Continuei à tua procura durante muito tempo nas sombras do quarto. Um dia desisti de procurar-te cá fora e comecei a procurar a parte que me falta dentro de mim. Passo a maior parte do dia de olhos fechados, perscrutando em cada milímetro da minha mente por um vestígio da tua presença. Procuro, procuro, procuro: só encontro vácuo. Um vácuo que ressoa como um grito silencioso nas paredes de um quarto vazio. O vácuo. O vácuo. O vácuo. Sempre o vácuo. Num outro momento já não estavas aqui porque tinhas morrido.
Leia Mais…"Línguas de Perguntador" de 3 de Dezembro
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
1 de Dezembro de 1640 - Restauração da Independência
(Coroação de D. João IV", Veloso Salgado 1908)
domingo, 30 de novembro de 2008
Morte de Fernando Pessoa - enviado por Marta (12ºF)
“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia «Ana, entre a Colômbia e Portugal» de Anabela Cardoso, Diana Monteiro e Luciana Araújo, 3º prémio Concurso Europeu,categoria trabalho escrito grupo
Estávamos no dia 3 de Setembro de 2006, dia triste, melancólico, monótono, quando Ana chega pela primeira vez a Portugal apenas com uma mochila, sozinha, e trazendo consigo muita saudade da sua mãe e do seu país de origem. À sua espera, na aldeia transmontana de Vila Flor, encontrava-se o seu pai Joaquim, o qual já não via há muito tempo. Quando chegou, Ana não se identificou com o espaço observado, tudo era diferente! Enquanto que na Colômbia, seu país natal existia uma abundante movimentação de pessoas e de carros, havia mais cor e, também, um acentuado desenvolvimento político, económico e sociocultural, em Vila Flor, a situação era antagónica, tudo parecia parado.
Ana era uma adolescente solitária, pouco sociável, triste e algo perturbada, devido às controvérsias da sua relação familiar, na qual o afecto e o convívio eram inexistentes, pois os seus pais estavam divorciados. Ana vivia na Colômbia com a mãe, de seu nome Rosa, mas a relação destas era muito distante e conflituosa, porquanto a sua mãe era viciada no jogo. Com o passar do tempo, esta situação agravou-se de tal forma que Rosa ficou endividada. Deste modo, Rosa, estando incapacitada de educar Ana, e não tendo família que a amparasse, pois os seus pais haviam cortada relações com ela por causa de um seu relacionamento amoroso com um homem negro, teve de pedir ao seu ex-marido para cuidar de Ana temporariamente. Logo nos primeiros dias em Vila Flor, Ana sentiu-se muito distante do pai, pois até então a única forma com que comunicava com ele era através do telefone. Para além disso, sentia-se triste, abandonada e mal inserida no seu novo quotidiano, pois a língua diferente dificultava-lhe o relacionamento com os poucos vizinhos que tinha e, sendo Vila Flor uma aldeia com grande atraso cultural, Ana não saía de casa, nem se podia divertir em entretenimentos a que estava habituada no seu país: o computador, os seus programas televisivos, etc.
A 15 de Setembro, Ana vai para a sua nova escola, mas nunca abre o seu coração para fazer grandes amizades, pois tem consciência de que o seu regresso à Colômbia está breve. Passados alguns dias, começou a sentir-se mais integrada no meio onde vivia agora: habituou-se às badaladas do sino da igreja de Vila Flor, começou a frequentar a Igreja, indo à missa, e acostumou-se, ainda, ao vestuário e gastronomia de Portugal. Pouco a pouco, aprendeu também algumas palavras portuguesas, o que lhe facilitou a comunicação com os outros. Com efeito, pôde fazer novas amizades e, inclusive, conhecer alguns membros da sua família, dos quais nunca ouvira falar. Um dia, Ana chegou da escola e reparou que o pai estava a falar ao telefone com a sua mãe. Foi então que Joaquim lhe noticiou que Rosa estava recuperada e que Ana tinha de regressar à Colômbia. Nesse instante, Ana sentiu um turbilhão de emoções, pois apesar de ter saudades da mãe e dos amigos, adaptara-se ao seu novo estilo de vida e havia-se reaproximado do pai. Ana ficou indecisa em relação ao seu futuro, pois, para além de ser ter habituado à vida que levava em Vila Flor, tinha também um sonho profissional: ser cientista. Dado que em Portugal havia um grande atraso nesta área, e na Colômbia existiam condições mais favoráveis para a concretização desse seu sonho, Ana resolveu regressar à Colômbia.
A 13 de Novembro, Ana despede-se do pai e dos amigos, deixando-os com muita nostalgia e parte para o seu país. Quando chegou à Colômbia, Ana sentia-se feliz e orgulhosa por a mãe ter recuperado do seu vício; e iniciou uma nova vida bicultural, vivendo simultaneamente a sua cultura de origem e a cultura portuguesa, cujas tradições e costumes divulgou junto daqueles com quem se relacionava."O Sonho Europeu" de Marta Carvalho (12ºF) - 2º prémio no Concurso Europeu , 2008, categoria trabalho escrito individual
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Parabéns!! CLP's premiadas no 55º Concurso Europeu
"Línguas de Perguntador" de 26 de Novembro
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
"Clandestino" dos Deolinda (enviado por Ana Isabel, 12ºF)
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
"Línguas de Perguntador" de 19 de Novembro
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
"Línguas de Perguntador" de 12 de Novembro
terça-feira, 18 de novembro de 2008
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
"O Som das Palavras" nº2
terça-feira, 11 de novembro de 2008
"Línguas de Perguntador" de 5 de Novembro
Enganem-se aqueles que pensam que otorrinolaringologista é a palavra mais longa do léxico português, pois esta, nem de perto nem de longe, se assemelha em tamanho à maior de todas elas. Vinte e duas letras são poucas comparadas com as quarenta e seis da palavra recorde do nosso léxico.
O primeiro lugar do pódio vai para pneumoultramicroscossilicovulcanoconiótico! (Até cansa a escrever...). Esta palavra, com as suas “breves” quarenta e seis letras, é apenas a mais longa da língua portuguesa e define uma pessoa acometida por uma doença pulmonar causada pela aspiração de cinzas vulcânicas.
Em tamanho idêntico, arrecadando o segundo lugar, está pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconios, que existia antes daquela, com origem no inglês; foi criada por M.Smith (presidente da "National Puzz lers´ League") que tinha como objectivo criar a maior palavra da língua inglesa. A sua constituição é idêntica à anterior pelo que tem apenas menos uma letra e significa a descrição de uma condição conhecida por silicose.
No terceiro lugar desse pódio está hipopotomonstrosesquipedaliofobia com trinta e três letras. Esta construção silábica, de extensão considerável no seio das anteriormente referidas, insere uma certa ironia por ser longa e estranha mas significando uma doença psicológica caracterizada pela fobia irracional da pronúncia de palavras longas, complicadas ou raramente utilizadas no vocabulário comum.
Existem ainda outras palavras de extensão considerável, embora não tanto. Estão neste caso, por exemplo, anticonstitucionalissimamente (com vinte e nove letras), oftalmotorrinoloninfologista (com vinte e oito letras) ou inconstitucionalissimamente (com vinte e sete letras).
Bem, e depois de tão longas palavras que dão, certamente, muito trabalho a ler, ou melhor, a soletrar, terminamos com umas breves palavras: para a semana há mais!
CLP: Filipa Figueiredo e Susana Fernandes, 12º E
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
"Existência inexistente" - texto de Ana Cláudia (12ºF)
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Máscaras. Texto e fotografia enviados por Ana Isabel (12ºF)
(Fotografia de Jill Coleman) terça-feira, 4 de novembro de 2008
O sono dos inocentes ou a fragilidade da paz
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Línguas de Perguntador (In "Voz do Minho" de 29/10/2008)
Odes, livro de Ana Salomé: lançamento no dia 15 de Novembro
terça-feira, 28 de outubro de 2008
"O Som das Palavras" - O programa do CLP na rádio Barcelos
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Ana Salomé - segundo livro de poesia
«nessa mão onde cabia perfeito o meu coração
Esqueceste-me. Trouxeste um dia o teu coração que batia com todos os dardejos das gaivotas do rio lá ao fundo e puseste-o a funcionar dentro do meu. Era uma coisa linda de se ver. Eu espantei-me com o sangue que se misturou tão bem, com a loucura do céu inclinada num voo em pique na nossa direcção, com a chuva presa a um quadro na parede a chorar muito baixo, muito tímida como as minhas mãos que empurravam os cacilheiros do destino sobre o rio da tua fala. Trouxeste as áleas e a lama revolvida de vida. Fomos espíritos da floresta a correr pela seiva das folhas perenes. Dei-te o sorriso com a ferocidade do sol e todas as formas do corpo na sinuosidade dos lábios a ladrilhar a proximidade do dia e da noite. Cresceu a erva nos contornos da nossa matéria de esperança. Um vento de abelhas lançou um pólen de prata sobre a fulguração do escuro nos nossos olhos. Bateu fortemente o teu coração dentro do meu. Depois esqueceste-me.» http://www.cicio.blogspot.com/
(foto de Fabianna Pazzini)sábado, 25 de outubro de 2008
José Cardoso Pires
Há coisas do "arco da velha!" Mas a letra dos Deolinda é bem actual...Enviado pelo Bruno Micael
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Línguas de Perguntador (In "Voz do Minho" de 22/10/2008)
Caros leitores, mais uma semana em que as Línguas de Perguntador vão ao vosso encontro e não de encontro a vós. As duas expressões “ao encontro de” e “de encontro a” são muitas vezes mal empregues. A primeira traduz uma ideia de favorecimento, algo agradável ou bem-vindo; pelo contrário, “de encontro a” dá ideia de oposição e contrariedade. Estas duas expressões são semelhantes na forma, mas opostas na ideia que exprimem. É por isso muito importante saber a diferença entre elas para que cada um de nós consiga interpretar correctamente um texto e utilizá-las de forma adequada no dia-a-dia, para não sermos o “bode expiatório” de ninguém.
“Bode expiatório”? Ora, aqui está outra expressão usualmente utilizada e que tem no sentido figurado um significado totalmente diferente do literal. O bode expiatório era um animal que era apartado do restante rebanho e deixado só na natureza selvagem, como parte das cerimónias hebraicas na época do Templo de Jerusalém. Assim, em sentido figurado, um "bode expiatório" é alguém que é escolhido arbitrariamente para levar a culpa de uma adversidade ou qualquer acontecimento negativo. A busca do bode expiatório é um acto irracional de determinar que uma pessoa ou um grupo de pessoas, ou até mesmo algo, seja responsável por um ou mais problemas.
Por falar em caprinos, alguma vez lhes perguntaram “Está a pensar na morte da bezerra?”. Certamente muitas. E já pensaram no que realmente lhes pretendiam dizer? Historicamente, este ditado popular provém da Bíblia. O bezerro era um animal adorado pelos hebreus e sacrificado para Deus num altar. Quando Absalão, por não ter mais bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra, o seu filho mais novo, que tinha grande carinho pelo animal, opôs-se, mas em vão. A bezerra foi oferecida aos céus e o rapaz passou o resto da vida sentado do lado do altar “pensando na morte da bezerra”. Consta que meses depois o rapaz veio a falecer.
E assim, esta foi mais uma semana em que as Línguas de Perguntador deram a conhecer aos leitores o sentido de algumas expressões e ditados populares. Pretende-se assim transmitir às pessoas o bom uso da Língua Portuguesa.
Para a semana, continuam as Línguas de Perguntador com outros colegas do CLP e com mais novidades. Continuem a enviar as vossas dúvidas para o nosso e-mail lperguntador@gmail.com.
Até para a semana!
(CLP – Marta Monteiro e Sofia Carvalho, 12ºE)terça-feira, 21 de outubro de 2008
Reunião geral do Clube da Língua Portuguesa
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Línguas de Perguntar In "Voz do Minho" (15.10.2008)
O Línguas de Perguntador é “bisbilhoteiro”? Não! Só gostamos de perguntar e de procurar as respostas. Na verdade, o que fazemos pela Escola Secundária/3 de Barcelinhos não é “só para inglês ver”! Cá pelo Clube da Língua Portuguesa intrigava-nos que não nos dessem muita atenção, que não nos quisessem ouvir…Caso para dizer: “Falamos nós ou chia o carro?”. Afinal de contas, “trabalhamos como galegos” para realizarmos as actividades e para escrevermos estas crónicas em que procuramos espevitar a curiosidade das pessoas e dar a conhecer os significados das expressões que tradicionalmente são usadas pelos portugueses e, claro, pelos leitores barcelenses, já que é para eles que escrevemos, e que podem (e devem) escrever para o "Línguas de Perguntador" para colocar as dúvidas e as curiosidades que têm sobre a língua portuguesa – nós prometemos responder.
Hoje falaremos das expressões “Só para inglês ver”, “Falamos nós ou chia o carro?” e “Trabalhar como galegos”. Que significam e de onde terão surgido? Bem, nós temos algumas respostas.
A expressão “para inglês ver” significa que é algo sem validade real, apenas para efeitos de imagem ou aparência. Esta expressão surgiu em 1831 quando o Brasil, pressionado pela Inglaterra, promulga uma lei que proíbe o tráfico negreiro declarando livres os escravos que lá chegassem e punindo severamente os importadores. Face a esta situação, comentava-se na Câmara dos Deputados, nas casas e nas ruas, que o Ministro da época fizera uma "lei para inglês ver", ou seja, para não ser efectivamente cumprida.
Já a pergunta-ameaça “falamos nós ou chia o carro?” é uma expressão que prevalece em muitas freguesias barcelenses nos dias de hoje, e que procura expressar o desagrado pelo facto de a pessoa a quem nos dirigimos não prestar a devida atenção ao que dizemos. Qual seria originalmente o contexto de uso deste dito? Não conseguimos (ainda) encontrar a resposta.
Por fim, o uso da expressão “trabalhamos como galegos” tem origem na época em que o povo da nossa vizinha Galiza vinha trabalhar para Portugal, a fim de superar as dificuldades económicas, e arranjava apenas trabalhos duros. Hoje o movimento migratório continua, mas em sentido inverso, pois agora parece que afinal de Espanha não vem só mau tempo e mau casamento!
Bem, para a semana o Clube da Língua Portuguesa voltará com a crónica “Línguas de Perguntador” e com mais boa “bisbilhotice” acerca da nossa Língua.
(CLP: Ana Isabel Lopes e Anabela Cardoso (12ºF))
lperguntador@gmail.comquinta-feira, 16 de outubro de 2008
Ontem recebi uma prenda

quarta-feira, 15 de outubro de 2008
"Pudesse eu" (Sophia)
terça-feira, 14 de outubro de 2008
"Expiação" - texto de Ana Cláudia Durães (12ºF)
sábado, 11 de outubro de 2008
Torga tão actual
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
"Línguas de Perguntador"
O Clube da Língua Portuguesa (CLP) é constituído por alunos da Escola Secundária/3 de Barcelinhos que lá frequentam diferentes níveis de escolaridade. Foi criado no ano lectivo de 2006/07 por uma docente da Escola, Aida Sampaio Lemos, que tem vindo a organizar e coordenar as actividades que o CLP tem vindo a desenvolver com vista a chamar a atenção para a importância do conhecimento e do domínio da língua materna. Mais informações sobre o CLP e sobre as actividades já desenvolvida podem ser encontradas em http://www.clp-esb.blogspot.com/ e http://www.clubelingua.pt.vu/.
"Aquele que pergunta e o que gosta de perguntar" é um perguntador. Nós gostamos de perguntar e de procurar as respostas. Por isso, nas "Línguas de Perguntador", tentaremos encontrar e dar respostas às muitas perguntas, de todos e para todos, que existem sobre a língua portuguesa.
História das palavras, explicações para alguns dos erros que grassam por aí, curiosidades sobre a língua portuguesa, palavras cujos significados foram mudando ao longo dos tempos... traremos aqui coisas "do tempo da Maria Cachucha", mas não queremos fazer nada que fique "pior a emenda que o soneto". Já agora, sabe de onde provêm estas expressões idiomáticas de uso tão banal?
A expressão "Do tempo da Maria Cachucha" é usada para referir algo antigo e a sua origem está ligada a uma dança espanhola na qual, ao som de castanholas, o dançarino começava a dançar num movimento moderado, acelerando cada vez mais, até terminar num aceso voltejo. Esta dança esteve também na moda em França, sobretudo por causa de uma dançarina famosa, Fanny Elssler, que a dançou na Ópera de Paris. Em Portugal, houve uma cantiga muito popular intitulada Maria Cachucha, ao som da qual, no séc. XIX, era usual as pessoas do povo dançarem, sendo uma adaptação da Cachucha espanhola, com uma letra bastante galhofeira. Assim, quando hoje dizemos "Isso é do tempo da Maria Cachucha" queremos exprimir o facto de ser algo do passado, antiquado ou antigo.
A expressão "Pior a emenda que o soneto" utiliza-se para dizer que o conserto de algo ficou/ficará pior do que o original. O soneto é uma composição poética composta por duas quadras e dois tercetos e conta-se que um pretendente a poeta pediu a Manuel Maria Barbosa du Bocage (poeta português que viveu entre 1765 e 1805) uma avaliação de um soneto que tinha composto, dizendo-lhe que podia marcar com uma cruz os erros que encontrasse. Bocage leu o soneto e não pôs nenhuma cruz, dizendo ao aspirante a poeta que, se fosse a marcar com uma cruz os erros, seriam tantas as cruzes que a emenda ficaria ainda pior do que o soneto.
Voltamos para a semana com mais respostas para as "Línguas de Perguntador".
lperguntador@gmail.com
CLPdomingo, 5 de outubro de 2008
Dia Internacional do Professor
Cartaz afixado na nossa Escola Com o intuito de revalorizar o papel do Professor na Sociedade Moderna, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO, criou, desde 1994, o Dia Internacional do Professor, comemorado a 5 de Outubro em mais de cem países.
Leia Mais…sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Dinis Machado (Lisboa, 21 de Março de 1930 - Lisboa, 3 de Outubro de 2008)
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Dia do sócio: Inscreve-te no CLP!
sábado, 27 de setembro de 2008
Paul Newman (1925-2008)
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
terça-feira, 23 de setembro de 2008
ONU: Voz à língua portuguesa
Este foi o primeiro dia em que a língua portuguesa foi utilizada nas intervenções de abertura e debate da Assembleia Geral das Nações Unidas. Portugal assegurou a tradução simultânea para as seis línguas oficiais da organização.
Finalmente!
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
"O meu irmão João" de António Lobo Antunes
"É talvez a pessoa que conheço melhor no mundo e todavia quase não falamos. Para quê? São desnecessárias as palavras entre nós, passámos mais de vinte anos, acho eu, no mesmo quarto, num silencioso princípio de vasos comunicantes que até hoje se mantém. Para além do muito amor que raramente lhe manifestei tenho uma imensa admiração por ele e um orgulho sem limites. Herdou do nosso pai (herdaste do pai, sim, tem paciência) a honestidade, o carácter, a coragem e o horror à mentira. Desde criança foste sempre valente. Se assim à má fi la me ordenassem que dissesse duas características tuas respondia logo a valentia e o pudor, formas supremas da elegância. E isto desde que te conheço, tu que nasceste vinte meses depois de mim
(o número vinte deu-lhe para me perseguir hoje)
que era cobarde e despudorado e custou-me tanto ver-me livre dessa ganga nojenta, zangado de vergonha comigo. Foste sempre digno e discreto contigo mesmo e com os outros e bem sei, sem mo teres dito, as difi culdades e as dores que sofreste, a carne viva que escondes e eu vejo, a compaixão que não mostras e eu sinto. E a tua oculta e bondosa generosidade. O rigor também, a falta de complacência para com a ingratidão, a pulhice, os sentimentos rasteiros. Claro que tens defeitos: alguns divertem-me, outros enternecem-me, nenhum me incomoda, talvez por serem os defeitos das tuas qualidades da mesma maneira que um automóvel possui os travões adequados à potência do motor. Se fosse Deus não mudava grande coisa em ti: talvez trocasse um móvel de posição, alterasse uma jarra, substituísse um quadro. Na casa não mexia: agrada-me que seja como é. E depois claro que te foi dada uma inteligência superior e isso não vale a pena mencionar porque no meu caso não me serve de nada, ninguém é tão estúpido como um homem inteligente e muitas das asneiras que fi z conhece-las de ginjeira. Lembras-te da mãe
– Tão inteligentes para umas coisas, tão estúpidos para outras mas eu canalizei tudo para a escrita, construí-me para isso e os teus interesses são mais variados que os meus. E no meio disto somos tão ingénuos ambos, sensíveis à lisonja, por vezes completamente parciais, cegos em relação aos amigos, de julgamento turvado quando os afectos se misturam nele. É curioso como, sendo diferentes, temos coisas idênticas. O pai não queria filhos, queria campeões de karaté. Conseguiu-os e o preço disso foi uma parte nossa amputada e uma sede de amor sem limites, em ti cuidadosamente escondida. A gaita é que eu sou desbocado e tu não, vivo nas nuvens e tu só às vezes, porque eu vivo nas nuvens e das nuvens e tu tens de confrontar-te com uma realidade imediata que te dá um peso específico maior que o meu e uma relação necessariamente pragmática com certos aspectos do quotidiano. Estou para aqui a escrever isto e a pensar na educação que recebemos, normativa, implacável, no limite da impiedade e da dureza. Quantas vezes nos revoltámos contra ela e, no entanto, que importante foi. Um pai que competia connosco e, mais tarde, te invejava. É terrível a relação do fi lho com o pai, julgando-se mutuamente numa ferocidade sem doçura. Nunca foi doce. Nem tolerante. Que egoísmo horrível naquele homem. E por baixo disso tudo uma vaidade em nós, ou antes uma vaidade nele dado imaginar (a imaginação não era o seu forte, nem o sentido de humor, nem a criatividade) que nos havia feito peça a peça e não fez. Não nos poupava mas poupava-se a si. Dito desta forma parece que lhe quero mal. Não quero. Só que não me acho em dívida: o preço foi alto. Levou a vida que quis, como quis, e impunha-nos à força a sua vontade. É curioso, João: dá-me pena que tenha morrido. Movia-se por paixões, entusiasmava-se e gostava de nós através das nossas filhas por lhe ser impossível amar-nos abertamente.
E contudo, mau grado o que acabo de dizer, não duvido do seu amor e de um orgulho genuíno nos filhos, que fazia os possíveis por disfarçar. Estou a ser injusto, de longe em longe descuidava-se. E apesar do que afi rmo, gaita, era, é o nosso pai. Não esqueço as palavras de Herculano a propósito de Garrett que ele repetiu dúzias de ocasiões ao longo dos anos
– Por meia dúzia de moedas o Garrett é capaz de todas as porcarias, menos de uma frase mal escrita
ou da ordem de Filipe Segundo ao arquitecto do Escorial
– Façamos qualquer coisa que o mundo diga de nós que fomos loucos
e como esses dois preceitos se gravaram na gente. Isto foi importante para além do que declarei a teu respeito e herdaste dele de facto: a honestidade, o rigor e a coragem. É bom ser filho de um homem desta têmpera e essas qualidades nasceram contigo. Talvez com outro pai houvesses sido igual, não sei. Capaz de todas as porcarias menos de uma frase mal escrita: para mim foi um tiro na mouche. Em cheio.
E estou-lhe grato por isso. Estou-lhe grato também pelos irmãos que foram aparecendo, a chorarem como uns danados até aos dois anos, raios os partam. À mãe igualmente claro, de quem a avó nos dizia
– Vocês matam a vossa mãe
numa convicção que me confundia. Via-nos a apunhalá-la com a faca do pão, a da serrilha grande, e ela a torcer-se na cozinha. Felizmente sobreviveu à faca e segue viva da costa. Agora, há uma semana, sucedeu aquilo do Pedro e de novo te admirei, mano, a tua efi ciência, a tua capacidade de decisão, o teu valor, a rapidez pragmática do teu afecto, eu que de pragmático, pobre de mim, nada tenho. Quando acabaste de operá-lo apeteceu-me beijar-te. Claro que não beijei mas sabes que beijei: és o meu irmão João. Aquele a quem me une um silencioso princípio de vasos comunicantes. E com que alegria repito isto dentro de mim: o meu irmão João. O meu irmão João para sempre". A.L.A., In






















