domingo, 30 de novembro de 2008

«Ana, entre a Colômbia e Portugal» de Anabela Cardoso, Diana Monteiro e Luciana Araújo, 3º prémio Concurso Europeu,categoria trabalho escrito grupo

(Foto de Ana Morkazel)Estávamos no dia 3 de Setembro de 2006, dia triste, melancólico, monótono, quando Ana chega pela primeira vez a Portugal apenas com uma mochila, sozinha, e trazendo consigo muita saudade da sua mãe e do seu país de origem. À sua espera, na aldeia transmontana de Vila Flor, encontrava-se o seu pai Joaquim, o qual já não via há muito tempo. Quando chegou, Ana não se identificou com o espaço observado, tudo era diferente! Enquanto que na Colômbia, seu país natal existia uma abundante movimentação de pessoas e de carros, havia mais cor e, também, um acentuado desenvolvimento político, económico e sociocultural, em Vila Flor, a situação era antagónica, tudo parecia parado. Ana era uma adolescente solitária, pouco sociável, triste e algo perturbada, devido às controvérsias da sua relação familiar, na qual o afecto e o convívio eram inexistentes, pois os seus pais estavam divorciados. Ana vivia na Colômbia com a mãe, de seu nome Rosa, mas a relação destas era muito distante e conflituosa, porquanto a sua mãe era viciada no jogo. Com o passar do tempo, esta situação agravou-se de tal forma que Rosa ficou endividada. Deste modo, Rosa, estando incapacitada de educar Ana, e não tendo família que a amparasse, pois os seus pais haviam cortada relações com ela por causa de um seu relacionamento amoroso com um homem negro, teve de pedir ao seu ex-marido para cuidar de Ana temporariamente. Logo nos primeiros dias em Vila Flor, Ana sentiu-se muito distante do pai, pois até então a única forma com que comunicava com ele era através do telefone. Para além disso, sentia-se triste, abandonada e mal inserida no seu novo quotidiano, pois a língua diferente dificultava-lhe o relacionamento com os poucos vizinhos que tinha e, sendo Vila Flor uma aldeia com grande atraso cultural, Ana não saía de casa, nem se podia divertir em entretenimentos a que estava habituada no seu país: o computador, os seus programas televisivos, etc. A 15 de Setembro, Ana vai para a sua nova escola, mas nunca abre o seu coração para fazer grandes amizades, pois tem consciência de que o seu regresso à Colômbia está breve. Passados alguns dias, começou a sentir-se mais integrada no meio onde vivia agora: habituou-se às badaladas do sino da igreja de Vila Flor, começou a frequentar a Igreja, indo à missa, e acostumou-se, ainda, ao vestuário e gastronomia de Portugal. Pouco a pouco, aprendeu também algumas palavras portuguesas, o que lhe facilitou a comunicação com os outros. Com efeito, pôde fazer novas amizades e, inclusive, conhecer alguns membros da sua família, dos quais nunca ouvira falar. Um dia, Ana chegou da escola e reparou que o pai estava a falar ao telefone com a sua mãe. Foi então que Joaquim lhe noticiou que Rosa estava recuperada e que Ana tinha de regressar à Colômbia. Nesse instante, Ana sentiu um turbilhão de emoções, pois apesar de ter saudades da mãe e dos amigos, adaptara-se ao seu novo estilo de vida e havia-se reaproximado do pai. Ana ficou indecisa em relação ao seu futuro, pois, para além de ser ter habituado à vida que levava em Vila Flor, tinha também um sonho profissional: ser cientista. Dado que em Portugal havia um grande atraso nesta área, e na Colômbia existiam condições mais favoráveis para a concretização desse seu sonho, Ana resolveu regressar à Colômbia. A 13 de Novembro, Ana despede-se do pai e dos amigos, deixando-os com muita nostalgia e parte para o seu país. Quando chegou à Colômbia, Ana sentia-se feliz e orgulhosa por a mãe ter recuperado do seu vício; e iniciou uma nova vida bicultural, vivendo simultaneamente a sua cultura de origem e a cultura portuguesa, cujas tradições e costumes divulgou junto daqueles com quem se relacionava.
Anabela Cardoso, Diana Monteiro e Luciana Araújo (12ºF)

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