quinta-feira, 12 de março de 2009

"Línguas de Perguntador" de 18 de Fevereiro In "A Voz do Minho"

O Línguas de Perguntador continua a trazer-lhe curiosidades sobre a nossa língua e os elementos do Clube da Língua Portuguesa (CLP) da Escola Secundária de Barcelinhos andaram a esquadrinhar na linguagem mais popular e familiar expressões muito usadas e que têm histórias interessantes. Como no "Carnaval ninguém leva a mal!", esta semana iremos explicar três expressões mais “brejeiras” usadas no nosso dia-a-dia – as expressões “tu estás quilhado”, “vai bugiar” e “um bicho-de-sete-cabeças”. A expressão “tu estás quilhado” provém da palavra "quilha" e refere-se ao facto de, quando algum marinheiro fazia algo que não devia, como castigo, ser amarrado à quilha do barco e ser submetido aos ventos e tempestades do alto-mar. Assim, esta expressão significa estar tramado tal como os marinheiros naquela altura estavam. Já a expressão “vai bugiar” é originária do séc. XIII. Tendo tido várias acepções ao longo da história, a significação que hoje em dia prevalece deve-se ao facto de, no tempo de Filipe II, se usar o “bugio” como um instrumento para afincar estacas aquando da construção do Terreiro do Paço. Devido ao grande esforço que exigia, o “bugio” era manobrado por gente arregimentada entre os vadios e os criminosos. Actualmente, esta expressão tem como principal significado “afastar-se para não importunar”, ou seja, quando utilizamos “vai bugiar” queremos que a pessoa em questão vá “manobrar o bugio”, que vá para longe de nós fazer qualquer coisa. “Bicho-de-sete-cabeças” é uma expressão agora usada para qualificar não somente as coisas muito complicadas, mas também as situações, momentos e problemas que encerram grandes dificuldades para serem resolvidos de forma satisfatória. Na mitologia grega, Hércules foi condenado a executar doze trabalhos. Um deles foi o de matar o monstro marinho, Hidra, que, na epopeia original, possuía doze a cinquenta cabeças. Porém, na narrativa popular, a Hidra foi reduzida a um bicho-de-sete-cabeças. Esperemos que tenha gostado das nossas expressões e que não as tenha achado impertinentes, pois estamos cá também para dar a conhecer histórias engraçadas da nossa língua. Para a semana há mais! Bom Carnaval! CLP – Bárbara Simões e Cláudia Durães (12ºF)

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