segunda-feira, 23 de junho de 2008

Ana Salomé

o que eu queria
era ser o rio
aquele ainda puro
para sempre puro
e ir morrer no mar
sem precisar do sonho
porque um rio não sonha
o rio tão-só é
a alegria da morte
no reflexo do sal
o rio ensina o doce canto
da água do corpo
e aí, só aí, é simples
tão simples ser menina
sem o trovão fluvial
daquele amor
de dois rios a correrem
lado a lado
para o sol dos recifes
onde amado e amada
falam a língua esquecida
do mundo novo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ana Salomé tem asempre a capacidade de surpreender. Os seus textos são de uma beleza pouco comum.

Beijinho

Ana Isabel
11ºF