quinta-feira, 19 de junho de 2008

Concurso literário - 3º lugar (ensino secundário): Ana Roriz, nº 5 10º B

Bekas era um cão rafeiro que andava abandonado pelas ruas da cidade de Faro. Cão esse de pêlo castanho claro, com umas pernas muito curtas, e as orelhas, castanhas e macias, eram duas grandes folhas outonais. Entretanto o Rui, menino de 12 anos, apercebeu-se de que o cão andava em frente à sua casa, a rondar o caixote do lixo. Então, com pena do pequeno cão, foi de imediato falar com sua mãe que estava em casa por estar desempregada. -Ó mãe! – chamou o Rui. -Diz, Rui – respondeu a mãe. -Está um cãozinho muito lindo lá fora, de volta do caixote do lixo, mãe – contou-lhe o Rui. -E que queres que eu faça, meu filho? – perguntou a mãe. -Não podemos ficar com ele aqui em casa, mãe? – pediu o Rui. -Eu gostaria imenso, meu filho, mas sabes que um cão dá muitas despesas e nós não estamos muito bem a nível económico, meu filho. Neste momento é só o teu pai a trabalhar para as despesas da casa – respondeu a mãe, com pena por estar a passar por aquela situação. - Oh, mãe, mas o cão é mesmo lindo, anda ver! – pediu o Rui. Então lá foi o Rui até à varanda com a mãe para que ela pudesse ver o cão. -É muito bonito mesmo, meu filho, deixa chegar o pai a casa e eu vou falar com ele… – prometeu a mãe. -Obrigado, mãe! – agradeceu o Rui. -Ó mãe, eu prometo cuidar dele e dar-lhe de comer e tudo. E até deixo de te pedir roupa nova para que me possas deixar ficar com o cão! – exclamou o Rui, com um brilho esperançado no olhar azul. -Está bem, meu filho, por mim pode ser, vou continuar o que estava a fazer… – anunciou a mãe, com um sorriso meigo. A mãe lá foi continuar o seu trabalho doméstico, enquanto o Rui ficou na varanda a apreciar o cão e à espera que seu pai chegasse do trabalho para poderem resolver aquela situação o mais rápido possível. Entretanto, o Rui avistou o seu pai ao fundo da rua e correu para o portão e, quando o pai já estava a entrar em casa, o Rui disse-lhe: Pai, olha que cão bonito ali perto do caixote do lixo… -É muito bonito mesmo! – concordou o pai, dando-lhe um beijo na testa morena. -Eu queria ficar com ele aqui em casa… deixas, pai? – perguntou o Rui, com um tom rouco na voz, que fazia tão bem quando queria seduzir. -Preciso de falar com a mãe – respondeu o pai. -Já falei! – retorquiu o Rui todo contente, porque sabia que a mãe não se importaria. -Mas preciso de falar com ela na mesma, filho – concluiu o pai. Então, enquanto o pai falava com a mãe, o Rui foi para o portão ver o cão que já se encontrava deitado à sombra do caixote do lixo. O pai do Rui, ao falar com a mãe, resolveu deixar o cão ficar lá em casa e decidiu ir ter com o Rui para lhe dar a novidade que ele tanto queria, ouvir. -Rui? – chamou o pai. -Diz, pai! – gritou o Rui, ansioso, mas confiante. O pai aproximou-se então do Rui e disse-lhe: -Anda comigo… Abrindo o portão e dando a mão ao Rui, o pai dirigiu-se para o caixote do lixo. -Filho, eu e a mãe decidimos deixar-te ficar com o cão… – anunciou o pai. -Yes! Yes! Yes! Obrigado, pai! – respondeu o Rui, aos saltos de satisfação. O Rui pegou então no cão e reparou que era uma cadelinha e que tinha uma coleira a dizer “Bekas” e começou a chamar-lhe Bekas, trazendo-a de imediato para dentro do portão para brincar com ela no jardim, mas a primeira coisa que fez foi dar-lhe de comer. A família ficou com tanto carinho à Bekas, que, mesmo com as dificuldades que tinham, não deixaram que lhe faltasse nada, veterinário, comida e limpeza. A partir desse dia, parece que tudo começou a melhorar lá em casa, a mãe arranjou um novo emprego e só com isso já se melhoraram as condições financeiras. Independentemente das condições económicas esta família deu carinho e acolheu este animal, acabando por ter como recompensa melhorias de vida. Isto prova que, apesar das dificuldades que possamos ter, não devemos nunca ficar pobres de espírito e, quando há vontade e desejo de ajudar, somos sempre recompensados por isso.

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