quarta-feira, 16 de abril de 2008

Escrita e fotografia (por Maria José Vilas Boas)

Foto de Roberto Marquinho
Já não me importo
Já não me importo
Até com o que amo, ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.
Nada me resta
Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda irei.
Indiferente
A quem sou ou suponho que mal sou,
Fito a gente
Que me rodeia e sempre rodeou,
Com um olhar
Que, sem o poder ver,
Sei que é sem ar
De olhar a valer.
E só não me cansa
O que a brisa me traz
De súbita mudança
No que nada me faz.
(Fernando Pessoa)

3 comentários:

Anónimo disse...

O poema é muito bonito. Boa conjugação com a foto. Muito bem Maria!

Ana Isabel Lopes 11ºF

Anónimo disse...

Eis um estado de espírito. Quando parece que já nada faz sentido, como que andar perdido. Acho que te compreendi, Maria! No entanto, é apenas uma paragem num longo caminho. Pode parecer que não passa, que teima em perdura, mas é apenas uma efémera crueldade!

Poema muito bonito e com uma imagem bem representativa. Bom trabalho, M.J.!

Marta 11ºF

Anónimo disse...

Pois é, Marta, acredito que este estado tenha um fim, mas enquanto perdura é terrível. Só mesmo uma grande desgosto ou uma grande alegria para o alterarem. Estado em que parece que somos meros espectadores de um espectáculo chamado vida.
Mas tal como disseste, é apenas uma paragem num longo caminho. Havemos de seguir viagem!...

Obrigada Ana Lopes e Martinha, porque me ajudaram a escolher a foto :D

Maria José Vilas Boas 11ºF