Este é o primeiro Línguas de Perguntador de 2009, rubrica que o Clube da Língua Portuguesa (CLP), da Escola Secundária de Barcelinhos, traz semanalmente aos leitores desde Setembro de 2008. Podemos dizer que o balanço destes meses é bastante positivo.
Dizíamos, no primeiro artigo publicado desta rubrica, que "Aquele que pergunta e o que gosta de perguntar" é um perguntador. Nós gostamos de perguntar e de procurar as respostas. Por isso, nas Línguas de Perguntador, tentaremos encontrar e dar respostas às muitas perguntas, de todos e para todos, que existem sobre a língua portuguesa". Pensamos ter vindo a atingir este nosso objectivo.
Na verdade, falámos sobre a língua portuguesa, contámos da origem e significado de algumas expressões que usamos quotidianamente, debruçámo-nos, afinal, sobre a nossa língua materna que constitui o pilar principal da nossa identidade e por meio da qual dizemos e ordenamos a realidade de um modo distinto dos falantes de outras línguas.
Assim, por cá passaram algumas reflexões e explicações relativas a expressões com sentidos opostos, como "ao encontro de" e "de encontro a", à origem e aos significados de expressões como "do tempo da Maria Cachucha", "pior a emenda que o soneto", "erro crasso", "pôr os pontos nos iis", "sem eira nem beira", "ficar a ver navios", "à grande e à francesa"...
Também no nosso programa "O Som das Palavras, que passa quinzenalmente na Rádio Barcelos, temos uma rubrica, intitulada "Pôr os pontos nos iis", na qual os ouvintes são convidados a participar em directo, respondendo a questões sobre a nossa língua.
Chegaram-nos por e-mail (lperguntador@gmail.com) algumas solicitações no sentido de repetirmos as questões feitas e respectivas respostas dadas durante o programa. Deixamos, por isso, aqui uma síntese do que foi tratado na referida rubrica do "Som das Palavras".
"Ir ao encontro de" e "Ir de encontro a": As duas expressões são semelhantes na forma, mas opostas na ideia que exprimem. A primeira traduz uma ideia de favorecimento, algo agradável ou bem-vindo; pelo contrário, “de encontro a” dá ideia de oposição e contrariedade.
"Obrigado/a": A palavra “obrigado/a/os/as” varia em género (masculino e feminino) e em número (singular e plural) de acordo com o sujeito que agradece, assim, usa-se "obrigado" quando é utilizado por falantes do sexo masculino;"obrigada" se utilizado por falantes do sexo feminino; "obrigados" quando é um grupo de falantes do sexo masculino ou feminino e masculino que agradecem; e "obrigadas" quando esse grupo de falantes é composto apenas por elementos do sexo feminino.
"Tenho pagado ou tenho pago": há verbos com particípio passado duplo (regular e irregular: pagado/ pago; limpado/ limpo; matado/ morto, etc.). Nestes casos, na formação dos tempos compostos, com os auxiliares ter e haver usa-se a forma regular e com os auxiliares ser e estar a forma irregular. Assim, a expressão correcta é "Tenho pagado..."
"Não haja dúvidas ou não hajam dúvidas": o verbo haver é impessoal, pelo que se usa apenas na terceira pessoa do singular. Assim, a expressão correcta é "não haja dúvidas". Quando este verbo é auxiliar, pode ser conjugado em todas as pessoas gramaticais ("Eles haviam estado aqui...")
Plural de "Pai natal" e "bolo-rei": na primeira expressão, o vocábulo "natal" funciona como um adjectivo, concordando em número com o substantivo, pelo que a forma no plural será "pais natais"; "bolo-rei", por sua vez, é uma palavra composta por dois substantivos, pelo que vão os dois para o plural.
"Mais bem preparado ou melhor preparado": "melhor" é comparativo de "bom"; "mais bem" é comparativo de "bem"; assim, deve-se dizer "mais bem preparado".
Convidamo-lo, caro leitor, a ouvir o nosso programa e a "pôr os pontos nos iis", participando na nossa rubrica, e a continuar a ler estas "Línguas de Perguntador".
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
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