quinta-feira, 21 de abril de 2011

Notícias

Há algum tempo que não venho aqui dar notícias. Os blogues das aulas e as actividades lectivas e extralectivas têm-me 'prendido' muito. Mas tal não quer dizer que o CLP tenha andado inactivo.
Na verdade:
Vou dando notícias...

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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

4ª edição do Concurso de Língua Portuguesa

No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Língua Materna, decorreu a 4ª edição do Concurso de Língua Portuguesa, promovido e organizado pelo CLP. Cerca de trinta alunos do 3º ciclo e setenta do secundário participaram na Eliminatória do Concurso. As 3 melhores equipas, de cada nível de ensino, passaram à Final. Parabéns a todos!

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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Clube da Língua Portuguesa e o Blogue

O Blogue do CLP tem andado 'parado'. O mesmo não acontece com o Clube. As Actividades direccionadas para a língua, a literatura e a cultura portuguesas, promovidas e organizadas pelo CLP, têm tido lugar. Assim, continuamos com o programa, na Rádio Barcelos (91.9), "O Som das Palavras", Oficinas de Leitura, Encontros com escritores, comemoração de efemérides, Oficina de escrita...

Desde 2007 que o CLP tem envolvido muitos alunos da Escola Secundária/3 em Actividades que pretendem chamar a atenção para a importância do domínio e conhecimento da língua materna, favorecer a criação de hábitos de leitura e de discussão de ideias, estimular o gosto pela leitura e pela escrita, tentando contribuir para a melhoria do domínio da língua portuguesa dos alunos.

Muitos desses alunos encontram-se agora no Ensino Superior ou no mundo do trabalho. Gostaria de saber até que ponto as Actividades do CLP influenciaram a sua formação e as suas escolhas, em que medida constribuiram para o conhecimento da língua e da literatura portuguesas ou de que modo os ajudaram a desenvolver as competências de leitura e de escrita.
Espero, pois, os comentários.
PS: Deixem a vossa identificação :-)

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sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago (1922- 2010)

Há muito que aqui não venho. Para o próximo ano lectivo, isso será remediado. E volto hoje por causa de uma notícia triste. Com todo o respeito e admiração pela obra de José Saramago, aqui fica o registo do seu desaparecimento. A sua obra e ele por meio dela ficarão para sempre.

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Dia da Língua Materna

O Dia da Língua Materna foi, mais uma vez, comemorado pelo CLP com a 3ª edição do Concurso de Língua Materna.

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Texto de Platão sobre a Escrita

SÓCRATES - Ouvi dizer que havia perto de Naucratis, no Egipto, um daqueles velhos deuses a quem os Egípcios consagravam uma ave chamada Íbis [que] tinha o nome de Theut; foi ele o inventor da aritmética e do cálculo, da geometria e da astronomia, o jogo do xadrez e dos dados, mas a sua grande descoberta foi a escrita. Tamuz, também por eles chamado Amon, reinava sobre toda a região, na cidade do alto Egipto a que os gregos chamam Tebas egípcia. Theut veio ao encontro do rei e exibiu perante ele as suas artes dizendo ser conveniente ensiná-la aos habitantes do Egipto. O rei indagou qual seria a utilidade de cada uma delas e ora as criticava, ora as elogiava, segundo lhe pareciam bem ou mal realizadas. Seria fastidioso repetir tudo aquilo que Tamuz disse a Theut, quer louvando quer censurando cada uma dessas artes. Mas quando chegou a vez da escrita, disse Theut: 'Aqui está, ó rei, algo que permitirá aos Egípcios tornarem-se mais sábios e dar-lhes uma memória melhor; pois eu encontrei o remédio tanto para a memória como para o engenho.' O rei respondeu-lhe: 'Ó Theut, mestre incomparável! Nem sempre o pai ou criador de uma arte é o melhor juiz acerca da utilidade ou inutilidade das suas invenções para os que serão seus utilizadores. Neste caso, sendo tu o pai das letras, por amor às tuas criaturas, foste levado a atribuir-lhes uma qualidade que elas não possuem: é que esse teu invento vai originar o esquecimento nas almas dos aprendizes, já que eles, sabendo escrever, deixarão de exercitar a memória; pelo contrário, confiarão nos caracteres escritos externos e não se lembrarão já por eles próprios. O que tu descobriste tem o condão de ajudar não a memória mas a recordação; portanto, ensinas aos teus discípulos não a verdade, mas a aparência da verdade: eles serão ouvintes de muitas coisas, mas não terão aprendido nada; parecerão ser muito cultos, embora sejam ignorantes na maior parte das coisas” (Platão, in Fedro 14 (274b-277a))

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Alegoria da Caverna de Platão

Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas. Glauco – Estou vendo. Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio. Glauco – Um quadro estranho e estranhos prisioneiros. Sócrates – Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e dos seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica de fronte? Glauco – Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida? Sócrates – E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo? Glauco – Sem dúvida. Sócrates – Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam? Glauco – É bem possível. Sócrates – E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles? Glauco – Sim, por Zeus! Sócrates – Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados. Glauco – Assim terá de ser. Sócrates – Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora? Glauco – Muito mais verdadeiras. Sócrates – E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram? Glauco – Com toda a certeza. Sócrates – E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras? Glauco – Não o conseguirá, pelo menos de início. Sócrates – Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e a sua luz. Glauco – Sem dúvida. Sócrates – Por fim, suponho eu, será o Sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal como é. Glauco – Necessariamente. Sócrates – Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna. Glauco – É evidente que chegará a essa conclusão. Sócrates – Ora, lembrando-se da sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que aí foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram? Glauco – Sim, com certeza, Sócrates. Sócrates – E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples criado de charrua, a serviço de um pobre lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia? Glauco – Sou da tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira. Sócrates – Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol? Glauco – Por certo que sim. Sócrates – E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que os seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se a alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo? Glauco – Sem nenhuma dúvida.

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