segunda-feira, 20 de julho de 2009

Chegada à Lua há 40 anos

"Poema do Homem Novo" de António Gedeão
Neil Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.
Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até aos pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.
A cobrir tudo, enfim, como um balão ao vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones, e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.·
Numa cama de rede, pendurada
da parede do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.
Cá de longe, na Terra, num borborinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falavam,
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.·
Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.
Caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,
os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.
Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.
Mais um passo.
Mais outro.
Num sobre-humano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar,
no chão poeirento da Lua,
a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho.
(Novos Poemas Póstumos)

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sexta-feira, 17 de julho de 2009

17 de Julho de 1936. Guerra Civil em Espanha.

Leitura recomendada: Por quem os sinos dobram (For Whom the Bell Tolls) de Ernest Hemingway.

("Guernica" (1937) de Picasso. Museu Nacional Centro de Arte Rainha Dona Sofia, Madrid)

«A 17 de Julho de 1936 a Espanha dava início a um dos mais negros capítulos da sua história. As tensões acumuladas entre “republicanos” (grupo que juntava pessoas de diferentes sensibilidades ideológicas: moderados, nacionalistas catalães e bascos, comunistas e anarquistas) e a direita, que unia monárquicos, latifundiários, conservadores e os fascistas da emergente Falange Espanhola, davam lugar a um conflito armado. Começava a Guerra Civil Espanhola, que durante os seus três anos terá feito entre 330 a 405 mil mortos, tiraria os republicanos do poder e daria início a uma ditadura, liderada pelo General Franco, que só terminaria em 1973. Giles Tremlett, correspondente do jornal britânico “The Guardian” em Madrid, diz à Renascença que os “fantasmas” da guerra civil permanecem vivos. É por isso que abre o seu livro “Fantasmas de Espanha” (2006) com uma citação do poeta Federico García Lorca, uma das primeiras vítimas do conflito: “Em Espanha, os mortos estão mais vivos do que os mortos de qualquer outro lugar do mundo: o seu perfil fere como o fio de uma navalha de barbear”. O jornalista, há cerca de 20 anos a viver em Espanha, diz que o “pacto do esquecimento” (um pacto não escrito destinado a esquecer o legado da ditadura franquista) “acabou para um dos lados da guerra civil, o que perdeu, mas não para o outro, o que ganhou” - ainda há quem veja os anos de Franco como uma ditadura suave. “O facto de não ter havido uma revolução, como em Portugal, significou que a transição para a democracia foi feita sob a liderança do poder ditatorial, que assegurou que o silêncio fosse mantido e que não se tivesse feito justiça mais cedo”, refere Giles Tremlett. A guerra teve um impacto enorme no que é a Espanha hoje, nas suas tensões e divisões internas. “É impossível olhar para qualquer grande instituição espanhola desde o fim da monarquia [em 1931], sem nos perguntarmos como é que a guerra civil e a ditadura (ou a reacção a elas) a moldou”, sublinha.» (Pedro Rios In Página 1)

(Uma das fotos mais famosas da Guerra Civil Espanhola, atribuída a Robert Capa, que capta o momento exacto da morte de um soldado republicano. Esta foto perpetuou a imagem desta guerra fratricida, símbolo dos "fascínios ideológicos' que marcariam o século XX)

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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os meus alunos estão de Parabéns!!

Os meus alunos, quase todos membros do CLP, estão de parabéns pelos resultados obtidos no Exame Nacional.
Poucos não conseguiram atingir os objectivos mais ambiciosos, a esses já disse que na vida as derrotas não nos devem menorizar, mas mostrar-nos onde errámos e qual o caminho a seguir para as vencer - trabalho, empenho e dedicação de corpo e alma.
Quase todos tiveram resultados muito positivos e isso deu-me uma grande alegria e orgulho à mistura.
Às minhas meninas que tiraram as melhores notas da Escola, 19 valores, devo lembrar que o trabalho compensa, mas que nunca termina, sendo preciso continuar, com o mesmo espírito, seja qual for o ambiente e as pessoas que vão encontrar agora no superior.
Mais um passo está dado e outra viagem se avizinha. Felicidades nessa viagem, meninos!

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